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(Giovana na Catedral Gótica de San Sebastian, Espanha). |
Sabe-se que o processo
ensino-aprendizagem não é algo fácil em lugar algum, e me parece que no Brasil
é um verdadeiro desafio, digamos, uma situação bastante peculiar com inúmeros
obstáculos.
Estamos
fartos de uma educação enfraquecida e descuidada, e sabemos que o caminho é
"estreito e longo". O que temos feito para mudar esse cenário?
Difícil, não?!
É verdade que sozinhos não podemos "mudar o mundo",
entretanto, com a pouca força de muitos se pode alcançar o grande (clichê, eu
reconheço, mas bastante válido). Assim, muitos professores e alunos, em um
"grito de socorro", vêm "vencendo" a sua maneira essa luta,
na tentativa de tornar a educação melhor.
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(Professora Giovana em uma palestra para a Cocamar em 2013, em razão do dia Internacional da Mulher). |
Eu,
enquanto aluna e talvez (por que não) formadora de opiniões, realmente me
preocupo com o nosso ensino; a cada "concerteza", "pra mim fazer",
"em fim" e outras citações do gênero, uma parte de mim “quer parar o
mundo e descer”, não porque não podemos errar, e sim, porque não sabemos qual
é a maneira correta; até porque, não sabemos o que está errado, e se está
errado. Triste, mas verdadeiro.
E, como nem
tudo se cria, mas se copia... Acredito que, um bom conselho sempre, é saber
daqueles que têm feito dar certo, como eles construíram a sua própria
história/educação, e o que eles têm feito diante do caos educacional.
Foi
nesse pensamento que convidei a professora Giovana Marques Fontes (tudo bem,
confesso, vocês também pediram por ela, risos), para contar um pouco de sua
história e de seu trabalho como professora, em uma entrevista muito bacana e sem
dúvida muito enriquecedora.
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(Giovana quando pequena). |
Giovana nasceu no dia 25 de setembro de 1972 na cidade de Presidente Prudente, SP. Formada em Letras pela UEM, e Mestre em Letras pela UEL, me relatou que sua formação na infância foi totalmente responsabilizada por seu irmão mais velho, Professor Nailor Marques Junior. "Ele foi um verdadeiro tutor, indicando livros, sugerindo filmes, levando-me a shows e viagens. E como eu sempre tive muita inclinação para as áreas culturais, isso facilitou tudo". Giovana conta, que além de gostar muito de ler, também tinha o hábito de se presentar com livros, desde pequena (risos). Sua infância, de fato, foi de muita importância para o seu desenvolvimento: “cresci em uma casa em que todos gostavam muito de música, de cinema, então, nesse sentido, tive uma infância privilegiada. Além, é claro, de ter tido a oportunidade de frequentar boas escolas e de sempre ter gostado da escola, ao contrário de muitas crianças”.
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(Reprodução do Facebook; Giovana e aluna). |
Giovana sempre foi uma professora
diferente, é daquelas que se destacam facilmente dos demais colegas de
trabalho. A interdisciplinaridade que sempre propôs em suas aulas gera por
parte de nós, alunos, grande admiração por sua pessoa e por sua história acadêmico-profissional.
Por isso, pedi que me contasse como foi o desenrolar dessa história que todos nós
fazemos parte...
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(Giovana na Itália, Fontana de Trevi). |
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(Professora Giovana e professor Fabiano, seu esposo). |
G.M.F. Bem,
eu me formei em Letras com habilitação em Português. Dou aulas desde os 16
anos, primeiro de inglês (risos), mas não curtia muito. Ao entrar na faculdade, aos 18, comecei a dar
aulas de Gramática e Redação para crianças e a treinar a correção de textos de
vestibular. Aos 19, já dava aulas para alunos do cursinho, no Atelier de
Redação. Quando fui fazer mestrado, eu lecionava literatura no ensino médio no
Nobel e, por isso, fiz meu mestrado em Literatura comparada com pintura: minha
paixão. Por conta do mestrado e, também de arte ser meu hobby, “dei” e
ainda “dou” cursos de História da Arte: viajei para muitos países, visitei os
principais museus do mundo, leio muito sobre arte – é uma área que me fascina e
me dá muito prazer ensinar. Acabei deixando a Literatura em sala de aula e indo para a gramática, sempre junto com redação. Porque, pasme, ninguém gostava de dar aulas de gramática - eu sim. Então, muitos colégio me pediam para pegar essas aulas, acabei
por isso mudando
de frente e não me arrependo.
L.P. Você já pensou, em algum momento, em desistir dessa carreira e
fazer outra coisa completamente diferente?
G.M.F. Sim
(risos). Tenho paixão por viagens e todos que me conhecem de perto sabem que
meu sonho seria transformar esse hobby em profissão.
Sobre
a educação no nosso país...
L.P. Como você avalia o ensino na área linguística? Ele é satisfatório ou deveria passar por adequações?
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(Reprodução: Google). |
G.M.F. O ensino
de língua em nosso país mudou muito ao longo dos vinte e cinco anos em que
leciono e mudou para melhor. A língua tem sido vista cada vez de maneira mais
prática, do ponto de vista das várias modalidades discursivas que possui e das
várias aplicabilidades em diferentes situações. Desse modo, creio que os alunos
vêem muito mais sentido no que aprendem hoje, já que não nos prendemos
exclusivamente a ensinar regras da norma culta que, muitas vezes, são
artificiais.
L.P. Em sua opinião o que mudou de mais impactante na
educação brasileira nos últimos 10 anos?
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(Reprodução: Google). |
G.M.F. Infelizmente, acho que quase nada e por isso mesmo figuramos sempre entre os últimos nos rankings internacionais. A formação de professores é ainda precárias, a maioria dos docentes saem da universidade com algum conteúdo e nenhuma ideia de como ensiná-lo e - o pior cada vez menos as pessoas querem ser
professores.
L.P. Você tem preferência por
algum método ou abordagem? Acredita que algum deles seja mais eficiente e algum
menos eficiente?
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(Professora Giovana em palestra). |
G.M.F. Quanto
ao ensino da língua, creio em ensinar a forma prática de uso dela, ou seja,
demonstrar para os alunos qual a função de conhecermos, por exemplo, uma oração
subordinada. Costumo sempre dizer que decorar nomes e regras de pouco serve se
não podemos melhorar nossa eficácia comunicativa. Então sempre procuro
demonstrar em que gêneros textuais e de que modo cada estrutura gramatical se
aplica, para que o aluno realmente use a língua como um meio para atingir um
fim: o de escrever e falar com clareza.
L.P. Qual o erro mais frequente
dos estudantes na hora de estudar?
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(Reprodução: Google). |
G.M.F. Não
revisar a matéria no mesmo dia em que foi dada; escolher aulas para assistir:
gostando ou não da disciplina ou do professor, todas as matérias são
fundamentais em nossa formação e quem não entende isso demora muito mais para
atingir seus objetivos; e a arrogância: aquele aluno que pensa que não precisa
do professor, que já sabe tudo é, normalmente, o que demora mais para atingir suas metas, principalmente no caso de passar no vestibular. Digo sempre aos alunos: falta de confiança em si mesmo é ruim, mas o excesso dela é ainda pior!
L.P. O que você acha do formato
do Enem? Ele de fato consegue avaliar se o aluno está preparado para
entrar em uma universidade?
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(Reprodução: Google). |
G.M.F.Acho
que melhorou muito, desde o começo, e a ideia geral da prova – por áreas de
conhecimento, é muito boa. Às vezes creio que eles pecam um pouco na elaboração
das questões, que costumam ser muito óbvias, exigindo pouco do aluno. Mas
entendo que parte disso se deva ao fato de que é uma prova nacional e que o
nivelamento muito alto seria excludente, já que ainda não temos uma educação que, no geral, é de
qualidade.
L.P. Qual o conselho mais comum
e mais importante que você costuma dar a seus alunos vestibulandos?
G.M.F. No que concerne a estudar, que estudem todos os
dias, porque a prática leva à excelência,
e que
não desmereçam nenhuma disciplina. Quanto ao vestibular em si, que tentem
não encarar a prova como uma inimiga, mas sim como uma oportunidade de
mostrarem o que aprenderam. Também costumo pedir para que não
briguem com a prova – porque xingá-la não vai mudar as questões (risos), simplesmente tentem ter calma para relembrar
o que aprenderam.
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(Reprodução: Google). |
L.P. Por fim... No meio do vestibular tinha um aluno, ou no meio do aluno
tinha um vestibular?
G.M.F. Acho
que no meio do aluno tinha um vestibular. Por mais
que pareça algo terrível,
você sabe bem disso, assim que passamos no vestibular verificamos que ele não
era tão importante assim, era só mais uma etapa da vida. O problema é como as
concorrências estão cada dia mais acirradas e os alunos chegam muito jovens a essa etapa, ela assusta. Mas a vida do meu aluno é, certamente, muito
mais do que o vestibular e procuro ensinar isso a ales também.
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(Reprodução: Google). |
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(Giovana em uma de suas viagens). |
L.P. Giovana, muito obrigada pela atenção, pela disposição e por ter compartilhado
um pouco mais de sua vida e de sua experiência como professora. Você deixaria
alguma mensagem para professores e
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(Giovana em uma de suas viagens). |
estudantes de língua portuguesa e/ou redação?
G.M.F. Deixaria um pensamento de Clarice Lispector - verdadeiro, não como esses fake que
rodam a internet (risos)- “Que ninguém
se engane, eu só consigo a simplicidade a custa de muito esforço”.
Isto é, falar e escrever de maneira simples e acessível, mas com qualidade, de
modo com que todos entendam dá muito trabalho. Para ser complicado, basta
nascer (risos). Quer escrever bem? Pratique, conheça a
língua e seus usos e, sobretudo, não complique.
** Você pode acompanhar professora Giovana e seu esposo professor Fabiano, em suas viagens através da página no facebook: "2 na viagem".
https://www.facebook.com/2naviagem/
Com muito amor, sempre .. Lu, àquela de Ana, sabe?! Beijinhos.
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