segunda-feira, 18 de julho de 2016

Giovana Marques Fontes: Aprendendo com quem sabe ensinar!

(Giovana na Catedral Gótica de San Sebastian, Espanha).
    Sabe-se que o processo ensino-aprendizagem não é algo fácil em lugar algum, e me parece que no Brasil é um verdadeiro desafio, digamos, uma situação bastante peculiar com inúmeros obstáculos. 
    Estamos fartos de uma educação enfraquecida e descuidada, e sabemos que o caminho é "estreito e longo". O que temos feito para mudar esse cenário? Difícil, não?! 
    É verdade que sozinhos não podemos "mudar o mundo", entretanto, com a pouca força de muitos se pode alcançar o grande (clichê, eu reconheço, mas bastante válido).      Assim, muitos professores e alunos, em um "grito de socorro", vêm "vencendo" a sua maneira essa luta, na tentativa de tornar a educação melhor. 
(Professora Giovana em uma palestra para a
Cocamar em 2013, em razão do dia Internacional da Mulher).
    Eu, enquanto aluna e talvez (por que não) formadora de opiniões, realmente me preocupo com o nosso ensino; a cada "concerteza", "pra mim fazer", "em fim" e outras citações do gênero, uma parte de mim “quer parar o mundo e descer”, não porque não podemos errar, e sim, porque não sabemos qual é a maneira correta; até porque, não sabemos o que está errado, e se está errado. Triste, mas verdadeiro.
    E, como nem tudo se cria, mas se copia... Acredito que, um bom conselho sempre, é saber daqueles que têm feito dar certo, como eles construíram a sua própria história/educação, e o que eles têm feito diante do caos educacional. 
    Foi nesse pensamento que convidei a professora Giovana Marques Fontes (tudo bem, confesso, vocês também pediram por ela, risos), para contar um pouco de sua história e de seu trabalho como professora, em uma entrevista muito bacana e sem dúvida muito enriquecedora.

(Giovana quando pequena).
        Giovana nasceu no dia 25 de setembro de 1972 na cidade de Presidente Prudente, SP. Formada em Letras pela UEM, e Mestre em Letras pela UEL, me relatou que sua formação na infância foi totalmente responsabilizada por seu irmão mais velho, Professor Nailor Marques Junior. "Ele foi um verdadeiro tutor, indicando livros, sugerindo filmes, levando-me a shows e viagens. E como eu sempre tive muita inclinação para as áreas culturais, isso facilitou tudo". Giovana conta, que além de gostar muito de ler, também tinha o hábito de se presentar com livros, desde pequena (risos). Sua infância, de fato, foi de muita importância para o seu desenvolvimento: cresci em uma casa em que todos gostavam muito de música, de cinema, então, nesse sentido, tive uma infância privilegiada. Além, é claro, de ter tido a oportunidade de frequentar boas escolas e de sempre ter gostado da escola, ao contrário de muitas crianças”.

(Reprodução do Facebook;
 Giovana e aluna).
    Giovana sempre foi uma professora diferente, é daquelas que se destacam facilmente dos demais colegas de trabalho. A interdisciplinaridade que sempre propôs em suas aulas gera por parte de nós, alunos, grande admiração por sua pessoa e por sua história acadêmico-profissional. Por isso, pedi que me contasse como foi o desenrolar dessa história que todos nós fazemos parte...

(Giovana na Itália, Fontana de Trevi). 
(Professora Giovana e professor
Fabiano, seu esposo).
    G.M.F. Bem, eu me formei em Letras com habilitação em Português. Dou aulas desde os 16 anos, primeiro de inglês (risos), mas não curtia muito. Ao entrar na faculdade, aos 18, comecei a dar aulas de Gramática e Redação para crianças e a treinar a correção de textos de vestibular. Aos 19, já dava aulas para alunos do cursinho, no Atelier de Redação. Quando fui fazer mestrado, eu lecionava literatura no ensino médio no Nobel e, por isso, fiz meu mestrado em Literatura comparada com pintura: minha paixão. Por conta do mestrado e, também de arte ser meu hobby, dei e ainda “dou” cursos de História da Arte: viajei para muitos países, visitei os principais museus do mundo, leio muito sobre arte – é uma área que me fascina e me dá muito prazer ensinar. Acabei deixando a Literatura em sala de aula e indo para a gramática, sempre junto com redação. Porque, pasme, ninguém gostava de dar aulas de gramática - eu sim. Então, muitos colégio me pediam para pegar essas aulas, acabei por isso mudando de frente e não me arrependo. 

    L.P. Você já pensou, em algum momento, em desistir dessa carreira e fazer outra coisa completamente diferente? 
    G.M.F. Sim (risos). Tenho paixão por viagens e todos que me conhecem de perto sabem que meu sonho seria transformar esse hobby em profissão. 
(Giovana, em mais uma de suas viagens).


Basta acessar as redes sociais para concluir aquilo que sempre soubemos, professora Giovana é muito querida por seus alunos e ex-alunos. Sobre isso não existe receita pronta, não é mesmo Giovana?
(Risos) É difícil responder a isso e agradeço o elogio. Penso que  o carinho é a resposta pelo trabalho bem feito, pela dedicação. Eu certamente tenho muitos defeitos, mas um que não tenho é falta de dedicação à minha profissão e acho que os alunos sentem isso. Outro fato é que é da minha natureza dar atenção às pessoas, ouvi-las, e acho que isso faz com que os alunos se sintam mais próximos.
 Sobre a educação no nosso país...

    L.P. Como você avalia o ensino na área linguística? Ele é satisfatório ou deveria passar por adequações? 
(Reprodução: Google).
G.M.F. O ensino de língua em nosso país mudou muito ao longo dos vinte e cinco anos em que leciono e mudou para melhor. A língua tem sido vista cada vez de maneira mais prática, do ponto de vista das várias modalidades discursivas que possui e das várias aplicabilidades em diferentes situações. Desse modo, creio que os alunos vêem muito mais sentido no que aprendem hoje, já que não nos prendemos exclusivamente a ensinar regras da norma culta que, muitas vezes, são artificiais. 

   L.P. Em sua opinião o que mudou de mais impactante na educação brasileira nos últimos 10 anos 
(Reprodução: Google).
   G.M.F. Infelizmente, acho que quase nada e por isso mesmo figuramos sempre entre os últimos nos rankings internacionais. A formação de professores é ainda precárias, a maioria dos docentes saem da universidade com algum conteúdo e nenhuma ideia de como ensiná-lo e - o pior cada vez menos as pessoas querem ser professores.

L.P. Você tem preferência por algum método ou abordagem? Acredita que algum deles seja mais eficiente e algum menos eficiente? 
(Professora Giovana em palestra).
G.M.F. Quanto ao ensino da língua, creio em ensinar a forma prática de uso dela, ou seja, demonstrar para os alunos qual a função de conhecermos, por exemplo, uma oração subordinada. Costumo sempre dizer que decorar nomes e regras de pouco serve se não podemos melhorar nossa eficácia comunicativa. Então sempre procuro demonstrar em que gêneros textuais e de que modo cada estrutura gramatical se aplica, para que o aluno realmente use a língua como um meio para atingir um fim: o de escrever e falar com clareza. 

    L.P. Qual o erro mais frequente dos estudantes na hora de estudar?  
(Reprodução: Google).
    G.M.F. Não revisar a matéria no mesmo dia em que foi dada; escolher aulas para assistir: gostando ou não da disciplina ou do professor, todas as matérias são fundamentais em nossa formação e quem não entende isso demora muito mais para atingir seus objetivos; e a arrogância: aquele aluno que pensa que não precisa do professor, que já sabe tudo é, normalmente, o que demora mais para atingir suas metas, principalmente no caso de passar no vestibular. Digo sempre aos alunos: falta de confiança em si mesmo é ruim, mas o excesso dela é ainda pior!

L.P. O que você acha do formato do Enem? Ele de fato consegue avaliar se o aluno está preparado para entrar em uma universidade 
(Reprodução: Google).
G.M.F.Acho que melhorou muito, desde o começo, e a ideia geral da prova – por áreas de conhecimento, é muito boa. Às vezes creio que eles pecam um pouco na elaboração das questões, que costumam ser muito óbvias, exigindo pouco do aluno. Mas entendo que parte disso se deva ao fato de que é uma prova nacional e que o nivelamento  muito alto seria excludente, já que ainda não temos uma educação que, no geral, é de qualidade.  

L.P. Qual o conselho mais comum e mais importante que você costuma dar a seus alunos vestibulandos? 
G.M.F. No que concerne a estudar, que estudem todos os dias, porque a prática leva à excelência, e que
(Reprodução: Google).
não desmereçam nenhuma disciplina. Quanto ao vestibular em si, que tentem não encarar a prova como uma inimiga, mas sim como uma oportunidade de mostrarem o que
  
aprenderam. Também costumo pedir para que não briguem com a prova – porque xingá-la não vai mudar as questões (risos), simplesmente tentem ter calma para relembrar o que aprenderam. 

    L.P. Por fim... No meio do vestibular tinha um aluno, ou no meio do aluno tinha um vestibular? 
    G.M.F. Acho que no meio do aluno tinha um vestibular. Por mais
(Reprodução: Google).
que pareça algo terrível, você sabe bem disso, assim que passamos no vestibular verificamos que ele não era tão importante assim, era só mais uma etapa da vida. O problema é como as concorrências estão cada dia mais acirradas e os alunos chegam muito jovens
  
a essa etapa, ela assusta. Mas a vida do meu aluno é, certamente, muito mais do que o vestibular e procuro ensinar isso a ales também. 

(Giovana em uma de suas viagens).
    L.P. Giovana, muito obrigada pela atenção, pela disposição e por ter compartilhado um pouco mais de sua vida e de sua experiência como professora. Você deixaria alguma mensagem para professores e
(Giovana em uma de suas viagens).

estudantes de língua portuguesa e/ou redação? 
    G.M.F. Deixaria um pensamento de Clarice Lispector - verdadeiro, não como esses fake que rodam a internet (risos)- “Que ninguém se engane, eu só consigo a simplicidade a custa de muito esforço”. Isto é, falar e escrever de maneira simples e acessível, mas com qualidade, de modo com que todos entendam dá muito trabalho. Para ser complicado, basta nascer (risos). Quer escrever bem? Pratique, conheça a língua e seus usos e, sobretudo, não complique. 

** Você pode acompanhar professora Giovana e seu esposo professor Fabiano, em suas viagens através da página no facebook: "2 na viagem".

https://www.facebook.com/2naviagem/ 


(Fabiano e Giovana, Grécia).

Com muito amor, sempre .. Lu, àquela de Ana, sabe?! Beijinhos.



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3 comentários:

  1. Que bacana Silvana! Vc tbm é uma grande inspiração, acredite! Beijos

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  2. Realmente, a Giovana é muito competente tanto como estudiosa , quanto como professora. Tem uma carreira longa e tenho certeza que ainda vai inspirar muitas outras pessoas.
    Luana, parabéns pela entrevista ficou oportuna, útil, bem construída e boa ler.

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    1. Muito obrigada pelas considerações e pelo apoio Nai ☺️

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